Quarta-feira, 13 de março de 2013. Estou na redação do Jornal da Jundiaí, no antigo prédio da rua Baronesa do Japi, 53, e algum colega de redação nos alerta para o som que vem de um dos três aparelhos de televisão. É a vinheta característica do plantão de notícias da Globo, avisando que algo grave está acontecendo em alguma parte do planeta.
Fico imediatamente em pé, me aproximo da TV e me vejo ao lado de nossa chefe de Reportagem, Hanaí Costa, que ainda estava por ali, apesar de, pelo horário – o relógio na parede diz que são 3 da tarde – ela já deveria ter ido embora.
O plantão global passa a transmitir uma imagem que o mundo esperava – a fumaça branca saindo da chaminé da Capela Sistina – e a voz de Sandra Annenberg passa a narrar que saberemos, em mais alguns minutos, o nome do novo Papa.
Hanaí fica ainda mais impaciente ao meu lado. Jornalista versátil, ela é católica devota, de acompanhar o noticiário do Vaticano no dia a dia. Mas vejo que ela própria está confusa no momento em que o Camerlengo (o então cardeal francês Jean-Louis Tauran) anuncia que “Habemos Papam”.
Os colegas de Redação começam a fazer barulho, e esse burburinho também atrapalha. Continuo ao lado de Hanaí, não entendo o nome que o Camerlengo anuncia como o vencedor da votação, mas fico pensando que é um cardeal italiano, porque o sobrenome é absolutamente italiano.
Hanaí demora alguns segundos, no meio da confusão geral, para entender quem é o novo Papa: vira-se pra mim e diz que é Jorge Mario Bergoglio, um argentino – e não um italiano, como eu seguia imaginando.
Essa cena foi há doze anos. O mundo talvez não tenha melhorado neste período em que Bergoglio, o Papa Francisco, passou a usar o anel de Pedro.
Eu, pessoalmente (que não sou católico), sou um fã de Francisco. Admiro, torço e reconheço o trabalho de Bergoglio em tantas questões complicadas, para dizer o mínimo.
O “Papa do Fim do Mundo” – como o próprio Bergoglio se declarou logo nos primeiros dias de Papado – não se cansa de discutir e de se afirmar contrário à desigualdade social global e ao consumismo hiperconectado.
Autor da primeira encíclica ambientalista, Francisco tenta escancarar a Igreja para enfrentar os seus tabus históricos – tabus que há muito extrapolaram questões religiosas e estão no cotidiano do mundo. Que o Papa possa seguir em seu trabalho e na luta contra as polêmicas como homossexualismo, divórcio, aborto, igualdade de gênero e por aí.
E que o mundo possa, a cada dia, caminhar cada vez mais calçando sandálias franciscanas.

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